Solitude, darkness and love


"I don't wanna admit, but we're not gonna fit"

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Hidden Place - Capítulo 4: A felicidade dela


Uma nevasca cruel assolou a noite, e logo a manhã estava branca, tão branca que doíam os olhos, um aroma de solidão, um frescor de tristeza, lembranças no ar. As crianças logo foram para o parque às oito da manhã, os adolescentes para a escola, e os adultos se escravizarem nos padrões sociais.

Uma pequena pontada de dor caiu sobre as núvens, era um pássaro negro, não era um corvo, nem um urubu, ele era somente negro e desconhecido, e nada mais, a cânone de um verdadeiro sofrimento, o prelúdio de uma canção da culpa.

Forseti logo tomou um banho e se arrumou para ir ao colégio, enquanto Hermod, um completo vadio, ainda adormecia na cama da moça. Há umas cinco Frey fez o mesmo, Heimdall estava na casa dos amigos estudando, e todos os movimentos pareciam voltar ao normal.

- Se você repetir de ano eu termino com você, não quero um namorado burro. - Riu Forseti, maldosa para Hermod.

- Você não teria coragem. - Suspirou Hermod.

- Não duvide das minhas atitudes, Hermod.

- Hunf...

- Tudo bem então, tenha um bom dia.

Forseti ía apenas caminhando, enquanto que Frey desistira da ideia de ir de bicicleta devido à grande massa branca que deixava difícil até de andar, porém, Forseti conseguiu com muito esforço chegar na escola, onde várias cabeças se movimentavam como formigas para entrar. Forseti, de praxe esperou Frey chegar, para entrarem juntos, ela estava ansiosa para vê-lo, entretanto, Frey não estava com sua bicicleta, fazendo Forseti desistir da sua espera e chegando atrasado, foram para a aula.

Os dias estavam passando rápido, Frey mudou-se temporariamente para o apartamento de Heimdall, para não sofrer tantas agressões de seu padrasto, que tinha entrado a pedido de sua sogra no AA, mas não adiantava muita coisa. Forseti estava a cada dia mais apaixonada por Hermod, e Hermod, a cada dia pensava mais em Frey, Frey por sua vez, começara a viver uma mentira com Heimdall, aceitando seu pedido de namoro, apenas para ter alguém onde sustentar seu peso.

Frey era um peso morto, Hermod era um ilusionista, Forseti era uma ignorante, e Heimdall, um cego. Todos de alguma forma estavam presos nos outros e em si mesmos, seja da forma mais egoísta possível, pois viver uma vida inventada era apenas o reflexo de um ego solitário, e quanto mais você tenta viver uma mentira, maior é a dor que ela lhe dá, pois nunca se é livre ou feliz o suficiente, nunca se está satisfeito consigo mesmo, nem com os outros, nem com o vazio que são suas almas, ou um poço sem fundo, ou o pássaro negro desconhecido rasgando o céu com sua cor de luto, dando seu canto de réquiem, anunciando um amanhã repleto de conflitos, externos e internos.

Hermod caiu em si, ligou para Frey:

- Frey, por favor, eu preciso te ver. - Disse com a voz chorosa no celular.

- O que aconteceu, Hermod?

- Eu apenas preciso te ver, por favor.

- Tudo bem, venha aqui no apartamento de Heimdall, ele saiu para estudar na casa dos amigos e de lá vai direto pra faculdade, então não tem problema.

- Tá bom.

Hermod correu, correu como nunca correra antes, em direção à pessoa que ele amava de verdade, ele não sabia o porquê, nem sabia como, mas ele amava, e isso fez dele uma rajada de vento em direção à Frey, que logo o atendeu na porta de entrada do edifício, pegando o elevador, e indo para o apartamento de Heimdall.

Hermod estava nervoso, não sabia o que falar, como começaria? Como falaria para ele que estava apaixonado? Como ele reagiria? Ele estava confuso demais, mas ao mesmo tempo, decidido a tomar uma atitude, Frey trouxe uma xícara de café.

- Toma, beba um pouco de café, você está muito...

Hermod o beijou, a xícara caiu e quebrou, um raio solar entrou na janela, o pássaro negro gritou, uma rajada de vento também, vestes no chão, cheiro de amor proibido.

Frey e Hermod traíram Forseti. Naquela tarde, ela sonhou jogar-se de uma colina bem alta, bem alta.




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Andrew Oliveira

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