Solitude, darkness and love


"I don't wanna admit, but we're not gonna fit"

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Hidden Place - Capítulo 3: O calor dele


A tarde ainda estava branca, Frey, Heimdall, Frey, Forseti e Hermod conversavam e faziam brincadeiras, às vezes Heimdall olhava discretamente para Frey. Frey nem conseguia olhar para Hermod, Forseti fingiu não perceber nada, simpatizava com Heimdall, Freya em seu colo. Decidiram ir para uma lanchonete ali perto, onde passaram mais meia hora conversando e gargalhando com as piadas de Heimdall, o mais auto-confiante dali. Frey estava feliz, pois no ano que breve chegaria ele iria morar com a avó, no momento ainda não dava para se mudar pra lá.

E a noite chegou, Hermod foi dormir na casa de Forseti, Freya foi embora junto com a avó, e Heimdall ficara a sós com Frey enquanto seu padrasto bebia em algum bar distante dali.

~

Frey e o amigo trancaram-se em seu quarto bagunçado, até parecia com a situação do seu interior. Pegou do fundo da gaveta do guarda-roupa um saquinho inchado de cocaína, organizou o pó em fileirinhas num pedaço de espelho, e fechou os olhos por alguns segundos.

- Quer? - Ofereceu para Heimdall.

Heimdall olhou horrorizado para Frey.

- O que você está fazendo, Frey? Pare com isso! - Levantou na mesma hora e tentou tirar as drogas das mãos de seu amigo.

Frey hesitou, mas logo guardou o saquinho e o pedaço de espelho no bolso, cabisbaixo, envergonhado de si mesmo, querendo ainda mais, o frio o deixava desesperado.

- Me dê, Frey, me dê isso aqui.

- Seu hipócrita, mostre-me o seu braço, com certeza já deve estar caindo de tanto se injetar. - Sussurrou, arrogante.

Heimdall o esbofeteou.

- Eu parei com isso há dois anos, estou completamente limpo, Frey. - Respondeu com a voz chorosa.

Após o tapa, virou a cabeça lentamente, como se tivesse se rendido.

- Desculpa, eu não sei me controlar.

- Tudo bem.

Heimdall o abraçou caloroso, Frey era vulnerável demais para recusar um abraço, e fechou novamente os olhos, dessa vez para sentir apenas o corpo grande e confortador dele, por que seu coração está batendo tão forte?

- Acho que estou me apaixonando...

- É bem tarde pra isso, você não acha?

- Eu não sei mais o que fazer.

Frey pegou o saquinho de cocaína do bolso e jogou no vaso sanitário de seu banheiro, puxou a descarga e foi se deitar, ao calor de Heimdall. Era tão fraco e covarde que sempre precisava de um porto seguro, eu quem peço perdão por não te amar mais, Heimdall.

- Você gosta dele, não é? - Sussurrou Heimdall, pensando em Hermod.

- Às vezes sinto que estou traindo Forseti por pensar tanto nele. Eu sinto uma culpa terrível. Você não faz ideia do tamanho dessa dor, Heimdall.

- Você não precisa se culpar por isso.

Frey se deitou sobre o peitoral de Heimdall.

- E queria morrer um pouco só pra esperar toda essa dor passar.

- Dá pra morrer um pouco?

- Eu queria experimentar.

Heimdall o encarou, sério, e logo Frey, cheio de compaixão por ele, deixou-se ser beijado carinhosamente. Heimdall passou as mãos em seus cabelos, ainda beijando-o desesperado, em sua orelha fria, em sua bochecha tão pálida quanto todo o seu corpo, em seu braço fraco, em sua cintura magra. A mão de Heimdall em suas nádegas, a mão de seu padrasto, a boca fétida do seu padrasto, a penetração forçada de Loki.

Frey afastou-se de Heimdall, gritando histérico, pôs-se a chorar copiosamente, ajoelhado no chão, com as mãos nos ouvidos, de olhos bem fechados, bem fechados... Eu tenho medo do escuro.

- Frey, o que foi? - O coração de Heimdall estava a mil, isso não pode ser verdade.

- Me perdoa, eu não consigo, me perdoa, me perdoa, eu tô com medo, não desliga a luz, ele vai voltar de madrugada. - Mal conseguia falar de tanto soluçar.

- Tenha calma, Frey. Eu não vou fazer nada que você não queira. - Acalentou-o tocando em seu rosto, Frey parou de gritar.

- Você promete?

- É claro que sim. Venha, vamos lavar esse rosto.

~

A janela descortinada, a luz da lua, apenas eles dois.

- Você tem certeza?

- Tenho.

- Não está com medo?

- Não sinto medo

Seus lábios tímidos tocaram os de Forseti, seu corpo roçava em seu corpo, suas mãos a massageavam, seu sexo começou a sentir o sexo dela, seu odor pedindo por mais. A primeira vez dela, seu corpo todo tremia, ela mordia os lábios, lágrimas de felicidade, ela estava sentindo o corpo dele, eu te amo Hermod.


E o frio intenso da madrugada se tornou apenas um detalhe, até o infinito.








~






Andrew Oliveira

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