E passeou pelo seu corpo, explorando cada parte dele, aquela pele pálida e tímida, agora estava se entregando, ele implorava por erupções e devastações nos seus póros, sua língua soltava leves gemidos de dor e prazer, seus pêlos se arrepiavam, seu sexo pulsava e esquentava como lava incandescente, Frey era como um furacão, e Hermod a cidade assolada por ele. Até que o compasso dos dois amantes se tornou um fim de carícias na cama, Hermod gostava de ser mimado, enquanto se deitava sobre o peito de Frey.
- Às vezes eu tenho a impressão de que, quando eu fosse te tocar, você desapareceria. - Sussurrou Hermod.
- Por que essa impressão tão estúpida?
- Você é como alguma forma inalcançável e efêmera, é algo especial que deve ser apenas visto, e não tocado.
- Você não deveria me idealizar.
- Mas é isso que eu sinto.
- Hermod, o que fez você gostar de mim?
- O desejo de abraçar um anjo no inferno.
- Eu sou o anjo?
- Você é o inferno.
Hermod adormeceu, era fim de tarde e uma nevasca deixava poucos rastros de sol saírem por entre as núvens gordas e vespertinas. O pássaro negro continuava ali. Frey pegou um saquinho do seu casaco e entrou no banheiro, ali permaneceu até a noite. Hermod sentiu a sua falta.
- Frey, onde você está? - Disse sonolento, procurando-o. - Frey!
Um leve ar entrou na sua pele, a janela estava fechada, mas ele não se importou, um calafrio na nuca, resolveu ir ao banheiro. E lá estava ele, deitado na banheira, submerso na água, divagando.
- Frey... - Ele o levantou e o abraçou. - Está tudo bem.
Hermod já estava se adaptando ao comportamento de Frey. Frey hesitou um pouco, mas logo cedeu ao seu abraço.
- Quando eu olho para o chão, não consigo ver meus pés, tampouco algo sólido. É um ar denso e escuro, é inatingível.
Talvez seja eu mesmo tentando fugir de mim.
- Você tem medo?
Talvez eu pudesse correr até o infinito, e encontrar várias coisas por lá.
- Eu tenho escuridão.
Eu posso imaginar o quanto posso ser feliz, ou somente viver essa realidade cinza.
- Você não precisa viver nela por obrigação.
Eu quero voar.
- Eu não consigo sair de dentro de mim.
Eu quero beber achocolatado ao seu lado e rir das suas piadas infâmes.
- Você pode o que quiser, Frey, basta ter força suficiente para isso.
Eu quero o seu sorriso para mim.
- Tome cuidado, eu posso te roubar para mim.
- Eu sou seu.
O celular de Hermod tocou.
~
Sua visão estava turva, se sentia enjoada quase sempre e mal conseguia sair de casa, ainda não tinha contado para sua mãe. O primeiro a saber devia ser Hermod. Pegou seu celular:
- Forseti? - Falou a outra linha.
- Hermod... - Não aguentou ouvir sua voz.
- O que foi? - Estranhou.
- Eu... Eu...
- O que foi, Forseti?
- Não se preocupe, eu nunca vou falar pra ele sobre o pai.
- O quê? Forseti, não estou entendendo nada.
- Mas eu não vou, jamais vou abortar.
O teto sobre Hermod desabou.
- Forseti, você tem certeza?
- Tenho! Hoje fui ao médico. - Começou a chorar.
- Aborte-o. - Falou sem pensar muito.
- O quê? Eu não estou acreditando em você, Hermod.
- Aborte-o.
- Eu não vou abortá-lo! Já disse!
- Aborte-o!
- NÃO! - Soluçou de tanto chorar. - Não! Eu vou criar esta criança, vou amá-la de todo jeito.
- Como você vai criá-la? Sua mãe não vai estar disponível o tempo inteiro pra você. E os seus estudos? Como é que ficam? E os seus sonhos? Você vai abdicar de tudo isso por uma criança que nem desejou? Você está enlouquecida?
- Não é o que chamam de instinto materno?
Por alguns minutos Hermod ficou apenas ouvindo Forseti chorar no telefone.
- Forseti... Como é que eu vou viver sabendo que tenho um filho por aí?
- Eu vou abandonar todos os meus sonhos, Hermod. Isso não é o suficiente?
Hermod calou-se.
- Você não pode se agarrar à uma mentira que possa chamar de esperança, mas dessa vez, eu estou presa numa verdade, e não há nada, absolutamente nada mais forte do que isso.
Eu vou voar, do jeito que eu quiser, quando eu quiser.
- Às vezes eu tenho a impressão de que, quando eu fosse te tocar, você desapareceria. - Sussurrou Hermod.
- Por que essa impressão tão estúpida?
- Você é como alguma forma inalcançável e efêmera, é algo especial que deve ser apenas visto, e não tocado.
- Você não deveria me idealizar.
- Mas é isso que eu sinto.
- Hermod, o que fez você gostar de mim?
- O desejo de abraçar um anjo no inferno.
- Eu sou o anjo?
- Você é o inferno.
Hermod adormeceu, era fim de tarde e uma nevasca deixava poucos rastros de sol saírem por entre as núvens gordas e vespertinas. O pássaro negro continuava ali. Frey pegou um saquinho do seu casaco e entrou no banheiro, ali permaneceu até a noite. Hermod sentiu a sua falta.
- Frey, onde você está? - Disse sonolento, procurando-o. - Frey!
Um leve ar entrou na sua pele, a janela estava fechada, mas ele não se importou, um calafrio na nuca, resolveu ir ao banheiro. E lá estava ele, deitado na banheira, submerso na água, divagando.
- Frey... - Ele o levantou e o abraçou. - Está tudo bem.
Hermod já estava se adaptando ao comportamento de Frey. Frey hesitou um pouco, mas logo cedeu ao seu abraço.
- Quando eu olho para o chão, não consigo ver meus pés, tampouco algo sólido. É um ar denso e escuro, é inatingível.
Talvez seja eu mesmo tentando fugir de mim.
- Você tem medo?
Talvez eu pudesse correr até o infinito, e encontrar várias coisas por lá.
- Eu tenho escuridão.
Eu posso imaginar o quanto posso ser feliz, ou somente viver essa realidade cinza.
- Você não precisa viver nela por obrigação.
Eu quero voar.
- Eu não consigo sair de dentro de mim.
Eu quero beber achocolatado ao seu lado e rir das suas piadas infâmes.
- Você pode o que quiser, Frey, basta ter força suficiente para isso.
Eu quero o seu sorriso para mim.
- Tome cuidado, eu posso te roubar para mim.
- Eu sou seu.
O celular de Hermod tocou.
~
Sua visão estava turva, se sentia enjoada quase sempre e mal conseguia sair de casa, ainda não tinha contado para sua mãe. O primeiro a saber devia ser Hermod. Pegou seu celular:
- Forseti? - Falou a outra linha.
- Hermod... - Não aguentou ouvir sua voz.
- O que foi? - Estranhou.
- Eu... Eu...
- O que foi, Forseti?
- Não se preocupe, eu nunca vou falar pra ele sobre o pai.
- O quê? Forseti, não estou entendendo nada.
- Mas eu não vou, jamais vou abortar.
O teto sobre Hermod desabou.
- Forseti, você tem certeza?
- Tenho! Hoje fui ao médico. - Começou a chorar.
- Aborte-o. - Falou sem pensar muito.
- O quê? Eu não estou acreditando em você, Hermod.
- Aborte-o.
- Eu não vou abortá-lo! Já disse!
- Aborte-o!
- NÃO! - Soluçou de tanto chorar. - Não! Eu vou criar esta criança, vou amá-la de todo jeito.
- Como você vai criá-la? Sua mãe não vai estar disponível o tempo inteiro pra você. E os seus estudos? Como é que ficam? E os seus sonhos? Você vai abdicar de tudo isso por uma criança que nem desejou? Você está enlouquecida?
- Não é o que chamam de instinto materno?
Por alguns minutos Hermod ficou apenas ouvindo Forseti chorar no telefone.
- Forseti... Como é que eu vou viver sabendo que tenho um filho por aí?
- Eu vou abandonar todos os meus sonhos, Hermod. Isso não é o suficiente?
Hermod calou-se.
- Você não pode se agarrar à uma mentira que possa chamar de esperança, mas dessa vez, eu estou presa numa verdade, e não há nada, absolutamente nada mais forte do que isso.
Eu vou voar, do jeito que eu quiser, quando eu quiser.
~
Andrew Oliveira
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