E ele correu, e ele sentiu seu coração pesar, e seus olhos arderam, e sua vida se entortou, e sua sombra dissipou, e ele ligou para ela, não estava nada bem, ele sabia disso, e lentamente algo dentro dele se definhou, ele não sabia o que era, e estava com medo de saber. A casa estava meio escura, ele ligou as luzes da sala e da cozinha, apreensivo, ele estava com uma vontade imensa de chorar, mas não sabia o porquê, achou ter ouvido o piar de um pássaro, mas não deu importância, o pássaro negro estava chorando, o pássaro negro se escondeu num espectro de si mesmo, enlouquecido e desamparado.
Você quer ser o oceano ou a lágrima? Disse Frey uma vez para Hermod. Eu quero ser um pouco dos dois, respondeu ele. Eu quero ser a imensidão de uma lágrima e a magnitude de um oceano. E o que você é agora? Um corpo ou uma alma? Eu sou a sua alma. Mas você não pode ser a minha alma, pois já tenho a minha. Eu sou somente seu. Você quer ser o meu corpo também? Eu quero possui-lo. Eu quero te estrangular, só assim você será apenas meu. Você pode me possuir ainda vivo. Eu quero ser seu.
Eu amo os seus olhos, eu amo sua orelha, eu amo sua nuca, eu amo seus cabelos lisos jogados no rosto, eu amo seu peitoral, eu amo seu pescoço, eu amo sua barriga magra, eu amo sua pele branca embelezada com alguns sinais, e aquela mancha parecida com um coração nas suas costas, eu amo também as suas costas, e as suas costelas, eu amo seu pênis, eu amo suas nádegas, eu amo tocá-los, eu amo suas coxas, eu amo suas canelas, eu amo seus pés, eu amo seus pêlos, eu amo seus arrepios, eu amo também seus gemidos, eu amo sua voz, eu amo suas lágrimas, eu amo seus sorrisos, eu amo seu esperma, eu amo cada póro seu, eu amo sua garganta, eu amo sua respiração ofegando em mim, eu amo seus abraços, eu amo seus braços, eu amo sua fraqueza, eu amo sua melancolia, eu amo a sua dor, eu amo seu amor, eu amo seus dedos, eu amo suas unhas, eu amo os seus ossos, eu amo suas vísceras, eu amo as batidas rápidas e fortes do seu coração, eu te amo tudo, eu te amo em mim.
E ele abriu a porta do quarto de Frey, manchas de sangue no carpete, a janela aberta, Forseti, após ter recebido uma estranha ligação, logo chegou também. E debaixo da porta do banheiro mais manchas de sangue. Ele abriu a porta do banheiro. Forseti logo atrás, se aproximando. E lá estava Frey, deitado no banheira seca, apenas molhado pelo próprio sangue. Hermod lembrou de todas as vezes em que ele ficava assim. Ele nunca sabia o porquê. Agora sabia. E uma vontade de gritar empurrou seus ossos contra seus pulmões e ele mal pôde respirar e mal conseguia falar ou se expressar e os céus negros de seu mundo particular desabaram sobre os oceanos que um dia ele chamou de amor, ainda era amor, só estava forçando o seu fim.
Eu sou o sopro da vida que passa pelo seu pescoço, eu sou os seus sapatos e as suas roupas, eu sou o seu orgasmo mais prazeroso, eu sou seu animal, eu sou sua mentira, eu sou a inocência que ainda paira sobre ti, eu sou a tua luz e o teu fim, você é a única coisa nesse mundo que eu preciso.
Você é o amor que me faz viver, você é como a minha respiração, eu te respiro, tu me ferves. Não me deixe.
Forseti gritou, não sabia se chorava ou se fazia alguma coisa, os olhos de Hermod esvaziaram, como se algo tivesse saído dali, pareciam duas petecas de um vidro hazel, não tinham nada, a não ser a dor. Ele entrou na banheira, e pôs Frey em seu colo, sem expressar qualquer sentimento, o sangue manchou sua calça e seu súeter branco, o sangue dele impregnava na sua alma, Forseti se ajoelhou no chão chorando desesperadamente. Todos eram desesperados segurando a mesma lanterna do inverno daquele mundo tão cruel.
Hermod o abraçou forte, seu corpo já estava ficando mole, e o beijou, Frey ainda estava um pouco consciente, e se sentia feliz por ainda sentir o calor de Hermod. O calor dele acalentava a sua alma cheia de gestos inconstantes. E por um momento Frey se sentiu tão feliz que já estava até arrependido de ter feito aquilo. Ele sorriu.
- Não nos abandone. Nós precisamos de você.
E ele mal terminou a frase, e as gotas salgadas de amor começaram a sair da toca de seus olhos, ele não aguentou mais. O seu peso em cima dele, fraco, no último fiapo de sua vida, na última lasquinha de esperança, Frey abriu os olhos lentamente, ainda semicerrados, e falou bem baixinho, bem perto da orelha fria de Hermod, mas não eram últimas palavras,
tudo estava se abrindo para um recomeço.
- Eu vou te dar o oceano.
Não se esqueça disso.
Você quer ser o oceano ou a lágrima? Disse Frey uma vez para Hermod. Eu quero ser um pouco dos dois, respondeu ele. Eu quero ser a imensidão de uma lágrima e a magnitude de um oceano. E o que você é agora? Um corpo ou uma alma? Eu sou a sua alma. Mas você não pode ser a minha alma, pois já tenho a minha. Eu sou somente seu. Você quer ser o meu corpo também? Eu quero possui-lo. Eu quero te estrangular, só assim você será apenas meu. Você pode me possuir ainda vivo. Eu quero ser seu.
Eu amo os seus olhos, eu amo sua orelha, eu amo sua nuca, eu amo seus cabelos lisos jogados no rosto, eu amo seu peitoral, eu amo seu pescoço, eu amo sua barriga magra, eu amo sua pele branca embelezada com alguns sinais, e aquela mancha parecida com um coração nas suas costas, eu amo também as suas costas, e as suas costelas, eu amo seu pênis, eu amo suas nádegas, eu amo tocá-los, eu amo suas coxas, eu amo suas canelas, eu amo seus pés, eu amo seus pêlos, eu amo seus arrepios, eu amo também seus gemidos, eu amo sua voz, eu amo suas lágrimas, eu amo seus sorrisos, eu amo seu esperma, eu amo cada póro seu, eu amo sua garganta, eu amo sua respiração ofegando em mim, eu amo seus abraços, eu amo seus braços, eu amo sua fraqueza, eu amo sua melancolia, eu amo a sua dor, eu amo seu amor, eu amo seus dedos, eu amo suas unhas, eu amo os seus ossos, eu amo suas vísceras, eu amo as batidas rápidas e fortes do seu coração, eu te amo tudo, eu te amo em mim.
E ele abriu a porta do quarto de Frey, manchas de sangue no carpete, a janela aberta, Forseti, após ter recebido uma estranha ligação, logo chegou também. E debaixo da porta do banheiro mais manchas de sangue. Ele abriu a porta do banheiro. Forseti logo atrás, se aproximando. E lá estava Frey, deitado no banheira seca, apenas molhado pelo próprio sangue. Hermod lembrou de todas as vezes em que ele ficava assim. Ele nunca sabia o porquê. Agora sabia. E uma vontade de gritar empurrou seus ossos contra seus pulmões e ele mal pôde respirar e mal conseguia falar ou se expressar e os céus negros de seu mundo particular desabaram sobre os oceanos que um dia ele chamou de amor, ainda era amor, só estava forçando o seu fim.
Eu sou o sopro da vida que passa pelo seu pescoço, eu sou os seus sapatos e as suas roupas, eu sou o seu orgasmo mais prazeroso, eu sou seu animal, eu sou sua mentira, eu sou a inocência que ainda paira sobre ti, eu sou a tua luz e o teu fim, você é a única coisa nesse mundo que eu preciso.
Você é o amor que me faz viver, você é como a minha respiração, eu te respiro, tu me ferves. Não me deixe.
Forseti gritou, não sabia se chorava ou se fazia alguma coisa, os olhos de Hermod esvaziaram, como se algo tivesse saído dali, pareciam duas petecas de um vidro hazel, não tinham nada, a não ser a dor. Ele entrou na banheira, e pôs Frey em seu colo, sem expressar qualquer sentimento, o sangue manchou sua calça e seu súeter branco, o sangue dele impregnava na sua alma, Forseti se ajoelhou no chão chorando desesperadamente. Todos eram desesperados segurando a mesma lanterna do inverno daquele mundo tão cruel.
Hermod o abraçou forte, seu corpo já estava ficando mole, e o beijou, Frey ainda estava um pouco consciente, e se sentia feliz por ainda sentir o calor de Hermod. O calor dele acalentava a sua alma cheia de gestos inconstantes. E por um momento Frey se sentiu tão feliz que já estava até arrependido de ter feito aquilo. Ele sorriu.
- Não nos abandone. Nós precisamos de você.
E ele mal terminou a frase, e as gotas salgadas de amor começaram a sair da toca de seus olhos, ele não aguentou mais. O seu peso em cima dele, fraco, no último fiapo de sua vida, na última lasquinha de esperança, Frey abriu os olhos lentamente, ainda semicerrados, e falou bem baixinho, bem perto da orelha fria de Hermod, mas não eram últimas palavras,
tudo estava se abrindo para um recomeço.
- Eu vou te dar o oceano.
Não se esqueça disso.
~
Andrew Oliveira
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