Solitude, darkness and love


"I don't wanna admit, but we're not gonna fit"

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Skin



Ele entregou à ventania palavras inquietas.
Ventania lhe disse:
- Não me venhas com palavras doces,
Pudera eu transformá-las em amor.
Mas ele não ligou. E a ventania, ah, a ventania? A ventania!
A ventania veio assim. Surgiu de um mar desconhecido, trouxe o reflexo de estrelas e constelações exóticas, guiou sereias e monstros marinhos, guiou a lanterna da lua e o reflexo sem forma do sol, até o pôr-do-sol.
E ele veio assim: ele não veio, ele surgiu, interveio, interrompeu e quase rompeu.
Ele era assim, não gostava de viver em terra firme. Ventania, de qualquer forma, nunca soube.
Ventania nunca deixou de lhe avisar:
- Não fale isso, pare com isso, apenas seja menos assim.
Ele nunca a ouvia.
Ventania desejou. Desejou o vento do vento sem vento dele, que era a solidez, o não-vento.
Ele pouco se importou. Os meteoros costumam sim ser interessantes, mas não tanto quanto as constelações, os mares, ou uma ventania.
Ah... Que engano. Desejar é muito diferente de se deixar sentir.
Ele, ele nunca aprendeu. É difícil aprender.
É difícil entender um pouco da morte, os fiapos de uma ventania.


~






Verano

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