Solitude, darkness and love


"I don't wanna admit, but we're not gonna fit"

domingo, 2 de outubro de 2011

Elegia Negra

Engole tua alma e a destrói.
Rapta-a entre teus dedos frios de deuses mortos,
amassa-a, enxuga-a, enxagua-a,
escarnece da necessidade que ela tem de existir,
afunda-a na palma da tua mão áspera e arrogante,
cala-a sobre o ar dos teus pulmões degenerados.

Engole tua alma e a seca.
Veja o momento mais claro e cálido
e infinito na ínfima vontade de ser eu,
de me mandar embora e de me deixar longe.
Bem longe. Bem longe.

Pega tua alma como um pedaço de lixo qualquer
e a espreme entre tua pele ferida e desvairada,
tua pele de animal numa armadilha,
rugindo na escuridão
feito uma criatura feroz e indefesa.

Arranca tua alma dos teus ossos,
esfarela teus ossos,
eles não têm importância
em comparação com essa dor tão gigantesca.

Arranha teus ossos
como cordas de uma harpa velha
e enrugada numa floresta silenciosa.

Arranha teus ossos até deixá-los impotentes.

Venha, venha acomodar-se no meu calor,
na luz que desaparece do meu íntimo,
na cegueira que me acompanha até o fim.
Tal a vida, tal o suicídio, tão próximos de serem um único ser.

Venha, crie comigo o Éden de inocência esganiçada,
Caótica como os tambores da tua ânsia insuportável
Essa encenação, essa alma inventada, esse fracasso,
Há uma distância, há uma chuva, há uma cinza tempestuosa.

Há um canto esmaecido, sobre o véu de tua clemência
Há uma tristeza inquieta, sobre um pouco de amor
Há uma fuga, há uma fuga
Avise-me da tua solidão.





~





Itálico


Black Cherry

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