Solitude, darkness and love


"I don't wanna admit, but we're not gonna fit"

domingo, 3 de outubro de 2010

Lânguido


Um barulho ensurdecedor foi captado pelos meus tímpanos, não tinha vibração, minhas orelhas nem puderam sentir o seu gosto, foi um som sem som. As janelas enormes da mansão estavam abertas, frio entrando, e as cortinas dançavam como se dança num filme de terror, eu estava quieto em meu canto, mas resolvi levantar e andar por lá um pouco. A varanda tinha cheiro de mar, algas, estrelas, areia molhada, assovios, sal e um leve luar de açucar, um luar cheio, como se feito de queijo, queijo e açucar, porque eu sentia o gosto dele. Decidi ir para aquele mundo de sensações, acalmar o meu peito ansioso.

E lá estava, a consequência do som, uma taça quebrada, entre vinho branco, cacos do que foi uma bela figura, junto da ex-taça um banco, o suficiente para duas pessoas, e junto do banco uma mesinha, junto da mesinha as plantas, e junto das plantas as horas. Quem pegava as horas e as usava como massagem para as mãos era uma sombra, uma sombra robusta, eu não conseguia ver seu rosto muito bem, as luzes estavam todas apagadas, exceto a lua, mas a lua estava de frente para mim, e de costas para a sombra, como se eu estivesse numa arena, e a sombra no palco, apresentar sabe-se-lá-o-quê. A sombra das horas era sedutora e astuta, ela escolhia as palavras muito bem, e me persuadia. Eu sabia disso, mas queria ser levado pelo perigo. Eu me fingia de bobo e a sombra se fingia de dominadora. Era um teatro de marionetes de pano vagabundo.

A sombra pronúnciou meu nome com uma voz grossa, cheguei até a me arrepiar, e pegou na minha mão, com outra mão grossa e maior que a minha, mãos cheias de vontade, e se levantou, era uma sombra maior que eu. A sombra partiu para o meu quarto, aquele das janelas arregaçadas. Eu tinha um vício pelo frio. E me deixou ali, eu olhei para a lua e contei a ela sobre um sonho que não lembro agora, naquele momento eu devia estar inconsciente ou devia estar realmente dominado pelo charme da sombra. A lua me sussurrou outros de seus segredos, segredos que também faziam parte de mim, e eu resolvi ir para o meu quarto também, onde a sombra se instalava já emanando aquela vontade incansável de tocar em mim.

E já não era mais sombra, na cama já era um homem alto, forte e com uma beleza demoníaca, iluminado pela lua que entrava em meu quarto, por causa das janelas de mais de três metros abertas, as cortinas ainda dançavam, parecia um castigo, e eu parecia o sangue de uma presa, fora de seu corpo, ainda fervendo. Eu estava prestes a respirar, mas o homem não deixou.

Fui pressionado contra a parede e sufocado, ele pôs suas mãos ásperas no meu pescoço, me deixando sem nada, e mordeu com força meus lábios ressecados, puxando-os, e tirou meu pijama, me deixando só de cueca, assim como ele. No meio das suas pernas estava seu sexo enorme e ereto, com a cabeça melando o pano, sendo roçado no meu, me senti completamente fraco, não por falta de vitaminas, mas porque eu queria ser completamente abduzido por aquele corpo tão fervente, que queimava minha pele pálida e cheia de sinais, me reduzia à cinzas.

Ele me jogou na cama, e ficou em cima de mim, esfregando sua cintura no meu rosto corado, eu passava a língua por cima da sua cueca, enlouquecido com aquele calor sem fim. Até que ele arredou o pano melado para o lado e enfiou com força o seu pênis na minha boca, me deixando mais sem ar do que já estava. Era mais quente do que o seu corpo, grosso, da cor da sua pele, com as veias pulsando nos meus lábios, e a cabeça socando a minha garganta, o pré-sêmen ardendo na minha língua, e aquele vai-e-vem cretino, seu pênis era doce e ao mesmo tempo salgado, tinha um cheiro estranho, devia ser cheiro de desejo. Ele estava literalmente fodendo a minha boca.

O homem soltava gemidos histéricos, aquilo satisfazia os meus ouvidos, até que um jato de esperma, como se fosse lava incandescente, rasgou minha garganta insaciável, e ele saiu de cima de mim, mas não estava nem um pouco cansado, e me puxou contra o seu corpo, eu provei cada pedaço daqueles músculos que pareciam maiores a cada lambida, seu pênis ainda estava enorme e duro, pulsando mais do que nunca. Ele me beijou como um cachorro, sentindo o sabor do próprio sexo na minha boca, até o meu hálito o excitava, e fiquei todo molhado da sua saliva.

Agora uma contagem regressiva visitava a minha mente, mesmo que naqueles minutos eu não conseguia pensar muito bem.

5

O homem me atirou contra a parede mais uma vez, ainda provando do meu corpo, estava extremamente fora de si, seguia somente os seus instintos, como um lobisomem honrando a luz da lua, aliás esse era o seu papel e seu dever. E meteu a boca nem tão carnuda nem tão fina no meu sexo. Seus lábios, sua língua, sua garganta, e até seus dentes me sugavam.

4

Sua saliva agora estava em cada pedaço de mim, até na minha alma, só o meu coração não alcançava o gosto da sua baba. E me mordeu, me mordeu enlouquecidamente, como se fosse um canibal. E eu descobri o seu nome. Ele não me disse. Nem eu perguntei. Eu senti o seu nome.

3

O homem dançava envolto em meu corpo, até me deixar de quatro, e me abraçou por trás, primeiro mordiscando minha orelha, depois beijando meu pescoço, chegando na minha nuca, me arrepiando. Ainda deixando rastros de saliva nas minhas costas, eu estava fedendo a suor e saliva. E chegou na minha cintura, no início das minhas nádegas suadas, mordendo-as sem dó, abrindo-as com a mão, e metendo sua língua dos deuses no meio delas. Eu gemi, não aguentava mais ser torturado, eu queria aquele homem dentro de mim.

2

Mas ele não cansava de me torturar, melou um dedo seu com a sua baba, após ter enfiado a mão inteira na minha boca, e foi colocando dentro das minhas nádegas, eu sentia cada centímetro me invadindo, como se numa descoberta proibida eu fosse a terra que ele cavava. Depois dois dedos, depois três, até que ele achou que eu estava suficiente pronto para receber o seu pênis na minha bunda, na verdade eu já estava pronto desde o início.

1

E ele me abraçou de novo, sempre me beijando, me deixando à flor-da-pele, e foi penetrando seu sexo enorme em mim, eu gritei de dor e prazer, empurrando meu corpo contra o dele, querendo mais. Seus músculos pesados atrás de mim, ele me invadindo carinhosamente. E quando tudo entrou, ele começou a ir e vir sem dó, eu gritava mais com aquela dor aguda estranhamente prazerosa, e ele gemia mais sentindo meu calor contrair seu pênis. Nosso suor se misturou, nossas vozes se misturaram, nossos corpos se misturaram, a noite, as cortinas, as poucas estrelas, o cheiro de mar, todos se misturaram em nós, furiosos de sexo.

0

Ele gozou novamente, dentro, o seu esperma se tornava parte de mim, eu fiz o mesmo, um jato que saía de mim manchava a cama enquanto ele brincava com meu sexo, ele tirou seu sexo devagar, ainda aproveitando cada segundo, e logo nos deitamos, cansados, suados, nem fomos tomar um banho, preferimos ficar assim, nos beijando carinhosamente durante a madrugada. Eu dormi em seus braços musculosos.

1

A janela ainda aberta me deu a luz forte do sol, as cortinas levemente paradas, eu ainda estava com cheiro de sexo, com o cheiro dele. Ele que um dia foi a pessoa mais especial do mundo.
Por ontem e por hoje, é só.



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Andrew Oliveira, ou Black Cherry :)
Um pequeno conto erótico pra vocês (:
Negrito

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