Era uma vez uma estrela. Uma pequena estrela, inotada pelas outras constelações que eram comuns e pouco se importavam com isso a não ser ter um estilo de vida padrão e aceitável no universo. Acontece que a pequena estrela foi se expandindo e criando algo novo naquele lugar: a criatividade. Todo dia, quando Solaris abria a sua janela e emanava a sua aura matutina por lá, a estrela corria para um campo de meteoros de diamante e lá ficava, sentada, escrevendo tudo o que lhe vinha na cabeça, tendo ideias mirabolantes e saltos para universos que ninguém entenderia, não por enquanto.
As palavras se transformavam em personagens vívidos e palpáveis, as vírgulas e os pontos se transformavam em cenários e lugares e enredos, afinal, nada mais livre do que a poesia e a arte para se sentir maior, melhor, muito mais do que veem.
E foram das palavras da estrela que surgiram as bruxas, os monstros, os mundos (que até naquele momento nunca existiram), os espíritos, as criaturas indefiníveis, tudo. A estrela então tornou-se importante, especial, mais brilhosa do que qualquer outra constelação, e foi assim durante (infelizmente) pouco tempo.
As constelações se arderam em ódio e inveja, e jogavam todo o seu recalque na estrela original. A estrela então, num momento de puro desleixo e tragédia, deixou cair seu brilho e se apagou, tornando-se escuridão. Uma escuridão afetuosa que só queria voltar a ser estrela mais uma vez.
A escuridão agora apenas velava o brilho do sol que tanto tomava banho, afinal, luz e escuridão não andam juntas, jamais. Mas aquela escuridão era diferente, sempre foi desde que outrora foi-se estrela. O seu impulso de criar nunca parou. Então foi daí que a escuridão dividiu as dimensões, pois muitos mundos em apenas um único universo deixaria tudo uma bagunça.
Certo dia, enquanto a escuridão varria o pó cósmico que almejava cair sobre a Terra, ela viu algo pulsante e enigmático vagando na falta de gravidade. A escuridão esqueceu-se daquele mundo e os meteoros caíram na terra, extinguindo uma raça jurássica. A escuridão andou lentamente sobre as novas estrelas, até sobre o sol, para chegar perto daquilo. Aquilo se chamava amor. Não o amor que ela conhecia, mas um outro amor. Algo muito próximo do masoquismo. A escuridão ficou curiosa, até demais, e queria porque queria sentir aquilo que se intitulava amor, e de tão forte que era o seu desejo, ela voltou a ser a estrela que sempre foi.
Num passado distante, quando a estrela ainda era muito pequena, um deus que ali vagava a avisou sobre o amor. Mas ela nunca entendeu sua mensagem, tampouco a sua voz, dita em outra frequência. Seus olhos estavam escondidos numa venda vermelha, onde se penduravam lágrimas. Foi a primeira vez que ela viu Lilith, quando este ainda caminhava pelos universos sem ter muito o que fazer.
A estrela, ignorando todas as palavras e vivências e conselhos dados, seguiu o amor. Agora ela estava madura, sim, mas ainda inexperiente muitas coisas. Nem os milênios conseguiram domá-la, quem mais conseguiria?
O amor desceu sobre a Terra e a estrela continuou a segui-la.
- Por que me segues tanto? – perguntou o amor.
- Eu quero te sentir. – confessou a estrela.
- Vá embora. Eu não sou para ti. – disse o amor, arrogante. – Vou amaldiçoá-la se tu tentares me sentir.
Mas a estrela continuou a segui-la, até perceber que ela já estava apaixonada. A paixão a incendiou de tal forma que em toda madrugada ela destruía florestas e soprava furacões para tentar domesticar a sua dor, mas já era um caminho sem volta, pois o amor percebera que uma parte sua estava sendo usada.
Numa noite de Lua Vermelha, quando a estrela ensinava as ninfas a cantar, o amor voltou-se contra ela, furioso, expulsando tudo ao seu redor. E como dito, ele a amaldiçoou, ela nunca conseguiria nada amando ninguém, não naquele mundo.
A estrela permaneceu forte, e apesar de já estar amaldiçoada, ela tentou de todas as formas amar. De todas as formas sentir aquele misto de alegria com tristeza, aquilo que a preenchia tão bem. E depois de anos, a estrela já conseguia amar, mas quanto mais amava, mais sofria, nunca tinha um momento de felicidade, nunca tinha um momento de afeto, de calor, de nada que o amor deveria representar até para uma criatura como ela.
Concluiu-se então a maldição, e a estrela saiu da Terra e ficou a vagar nos universos por um bom tempo. E quando tudo já estava completamente perdido, eis que ela reencontra Lilith. A estrela então, conta toda a sua trajetória em busca do amor para o deus, que ouve com extrema cautela e atenção, até fazê-lo criar uma ideia.
Lilith, com seu encanto severo, sequestra todo o amor na terra e atira com uma magia poderosa no peito da estrela. A estrela se parte em milhões de pedaços de diamantes, que se transformam em água, que se transforma em mar. O mar então despenca para a Terra, e em ondas gigantescas sobre a areia se forma a espuma do mar.
A espuma, não satisfeita em ser apenas isso, recupera os pedaços da alma da estrela, moldando um corpo perfeitamente delineado e feminino. O corpo, agora dono do amor, é saudado com grandes vivas pelas ninfas, que entregam a ela a mais pura seda para secar seu corpo, e o vento, respeitando toda a sua beleza, se entrega de todo para secar seus longos e cacheados cabelos. A estrela, que depois tornou-se escuridão, e voltou a ser estrela, agora era uma deusa. A senhora absoluta do amor, segurando sua maior característica. Indomável.
As palavras se transformavam em personagens vívidos e palpáveis, as vírgulas e os pontos se transformavam em cenários e lugares e enredos, afinal, nada mais livre do que a poesia e a arte para se sentir maior, melhor, muito mais do que veem.
E foram das palavras da estrela que surgiram as bruxas, os monstros, os mundos (que até naquele momento nunca existiram), os espíritos, as criaturas indefiníveis, tudo. A estrela então tornou-se importante, especial, mais brilhosa do que qualquer outra constelação, e foi assim durante (infelizmente) pouco tempo.
As constelações se arderam em ódio e inveja, e jogavam todo o seu recalque na estrela original. A estrela então, num momento de puro desleixo e tragédia, deixou cair seu brilho e se apagou, tornando-se escuridão. Uma escuridão afetuosa que só queria voltar a ser estrela mais uma vez.
A escuridão agora apenas velava o brilho do sol que tanto tomava banho, afinal, luz e escuridão não andam juntas, jamais. Mas aquela escuridão era diferente, sempre foi desde que outrora foi-se estrela. O seu impulso de criar nunca parou. Então foi daí que a escuridão dividiu as dimensões, pois muitos mundos em apenas um único universo deixaria tudo uma bagunça.
Certo dia, enquanto a escuridão varria o pó cósmico que almejava cair sobre a Terra, ela viu algo pulsante e enigmático vagando na falta de gravidade. A escuridão esqueceu-se daquele mundo e os meteoros caíram na terra, extinguindo uma raça jurássica. A escuridão andou lentamente sobre as novas estrelas, até sobre o sol, para chegar perto daquilo. Aquilo se chamava amor. Não o amor que ela conhecia, mas um outro amor. Algo muito próximo do masoquismo. A escuridão ficou curiosa, até demais, e queria porque queria sentir aquilo que se intitulava amor, e de tão forte que era o seu desejo, ela voltou a ser a estrela que sempre foi.
Num passado distante, quando a estrela ainda era muito pequena, um deus que ali vagava a avisou sobre o amor. Mas ela nunca entendeu sua mensagem, tampouco a sua voz, dita em outra frequência. Seus olhos estavam escondidos numa venda vermelha, onde se penduravam lágrimas. Foi a primeira vez que ela viu Lilith, quando este ainda caminhava pelos universos sem ter muito o que fazer.
A estrela, ignorando todas as palavras e vivências e conselhos dados, seguiu o amor. Agora ela estava madura, sim, mas ainda inexperiente muitas coisas. Nem os milênios conseguiram domá-la, quem mais conseguiria?
O amor desceu sobre a Terra e a estrela continuou a segui-la.
- Por que me segues tanto? – perguntou o amor.
- Eu quero te sentir. – confessou a estrela.
- Vá embora. Eu não sou para ti. – disse o amor, arrogante. – Vou amaldiçoá-la se tu tentares me sentir.
Mas a estrela continuou a segui-la, até perceber que ela já estava apaixonada. A paixão a incendiou de tal forma que em toda madrugada ela destruía florestas e soprava furacões para tentar domesticar a sua dor, mas já era um caminho sem volta, pois o amor percebera que uma parte sua estava sendo usada.
Numa noite de Lua Vermelha, quando a estrela ensinava as ninfas a cantar, o amor voltou-se contra ela, furioso, expulsando tudo ao seu redor. E como dito, ele a amaldiçoou, ela nunca conseguiria nada amando ninguém, não naquele mundo.
A estrela permaneceu forte, e apesar de já estar amaldiçoada, ela tentou de todas as formas amar. De todas as formas sentir aquele misto de alegria com tristeza, aquilo que a preenchia tão bem. E depois de anos, a estrela já conseguia amar, mas quanto mais amava, mais sofria, nunca tinha um momento de felicidade, nunca tinha um momento de afeto, de calor, de nada que o amor deveria representar até para uma criatura como ela.
Concluiu-se então a maldição, e a estrela saiu da Terra e ficou a vagar nos universos por um bom tempo. E quando tudo já estava completamente perdido, eis que ela reencontra Lilith. A estrela então, conta toda a sua trajetória em busca do amor para o deus, que ouve com extrema cautela e atenção, até fazê-lo criar uma ideia.
Lilith, com seu encanto severo, sequestra todo o amor na terra e atira com uma magia poderosa no peito da estrela. A estrela se parte em milhões de pedaços de diamantes, que se transformam em água, que se transforma em mar. O mar então despenca para a Terra, e em ondas gigantescas sobre a areia se forma a espuma do mar.
A espuma, não satisfeita em ser apenas isso, recupera os pedaços da alma da estrela, moldando um corpo perfeitamente delineado e feminino. O corpo, agora dono do amor, é saudado com grandes vivas pelas ninfas, que entregam a ela a mais pura seda para secar seu corpo, e o vento, respeitando toda a sua beleza, se entrega de todo para secar seus longos e cacheados cabelos. A estrela, que depois tornou-se escuridão, e voltou a ser estrela, agora era uma deusa. A senhora absoluta do amor, segurando sua maior característica. Indomável.
~
Para Lilith
Do seu irmão, Corona Solaris ;*
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