Solitude, darkness and love


"I don't wanna admit, but we're not gonna fit"

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Vespertine - Capítulo 3: Cocoon



- Você está pronta para isso? - Perguntou a voz masculina
- Sim. - Sussurrou a voz feminina.
Ele a tomou em seus braços e a amou incondicionalmente, desesperado pelo seu toque, pelos seus gemidos, ele queria mais, sempre mais. Ele era a proteção dela, ela, a sua deusa. Numa simetria perfeita de união entre os corpos e choques que arrepiavam cada parte de suas almas, uma parte talvez como daquele futuro pedaço de céu. Quando Nina ainda acreditava em Deus e no sol.


- Nina, você está bem? Por que está tão calada? - Perguntou Sofia.
- Estou bem, só me dei ao capricho de pensar um pouco... - Respondeu.
- Não pense demais no passado, pensar demais nunca é tão bom quanto se parece. - Adverteu a menina.
- Eu não o vejo, já está escuro demais... - Mentiu.
- Não é o que eu sinto em sua voz, Nina.
Nina parou o carro por um instante, e olhou assustada em direção ao banco do passageiro, onde alí se encontrava Sofia.
- Você está mesmo bem, Nina?
- Vamos para a praia? - Sorriu a moça.
- Tudo bem, então. - Decepcionou-se a garota.


A praia estava vazia e fria, Nina corria com seu amado de forma livre e feliz, ela não precisava de mais nada, só de estar ao lado dele já era a maior realização de sua vida. Escreviam frases na areia com gravetos, jogavam água um no outro, e acamparam alí mesmo.
A noite estava chegando, Nina já se encontrava deitada na barraca, e ele também, afagando seus cabelos:
- Você é meu mundo, Nina. A única coisa de que eu realmente preciso.
- Eu sou uma coisa? - Ironizou.
- Você é o tudo para mim.
- Obrigada por me deixar tão nítida ao mundo.
- Obrigado por existir... A lua está cheia hoje, vamos lá pra fora ver?


Nina estava tensa, acelerou um pouco mais o carro, parecia que aquele pedaço de céu estava sufocando-a, Sofia sentia a tensão da amiga.
- O que está acontecendo com você, Nina? Por que de repente você ficou assim?
- Eu estou bem, só estou com um pouco de dor de cabeça! - Irritou-se.
- Não, você não está bem, você quer voltar pra casa? Não deveria nem ter saído de lá.
- PARE DE TENTAR IMAGINAR O QUE EU SINTO! DROGA!
Um pedaço enorme de vidro penetrou fortemente no peito de Sofia quando o carro de Nina colidiu com uma caminhonete, e fez este capotar perto da praia. A cabeça de Nina bateu forte fazendo-a desmaiar, enquanto uma pequena chama se iniciava.


- A lua poderia ser Deus, não é? Assim, pela noite quando estivermos mais desprotegidos ela olhará para nós e nos iluminará para afastar nosso medo do escuro. - Disse Nina.
- A lua e o Sol são dois pólos de Deus - Sorriu ele.
- Eu adoro o Sol, adoro a chuva, com eles somos levados para lugares muito especiais, para dentro de nós mesmos. - Alegrou-se Nina.
- E eu adoro você.
Ele a possuiu oferecendo todo o amor do mundo para Nina, Nina absorvia tudo, queria mais. Ele dava mais, dava sua alma, sua sombra, sua imensidão, seu coração, suas feridas para ela curar com seus beijos, sim, Nina, me cure!
Nina oferecia a ele seu corpo confortante, de uma quentura única, como um pássaro perto do sol, desafiando-o. O corpo másculo e suado dele se entregava totalmente aos caprichos dela, a capa protetora, Nina sentiu um mar de felicidade no corredor de seu peito.

- Ai meu Deus! Sofia! Sofia! Acorde! Por favor. - Gritava Nina instantaneamente recobrando a consciência.
Sofia não respondia. E as chamas do carro aumentavam a cada segundo, Nina a arrastou para fora deste, desesperada, não! Você não pode morrer agora! O corpo da menina esfriava rapidamente, Sofia estava morrendo;
- Sofia! Por favor, não morra! - Chorava Nina com a cabeça de Sofia em seu colo, perto da praia deserta de desencontros.

Asas batendo, uma coruja chegando. De repente, o pedaço de céu se abriu, e um anjo descia graciosamente por núvens e ventanias, Nina admirou o estranho ser com seus olhos encharcados, esperançosa.

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