Solitude, darkness and love


"I don't wanna admit, but we're not gonna fit"

sábado, 10 de março de 2012

Corte


Você sabe qual é a hora de ir embora
Sabes do momento mais oportuno?
Já vistes a forma que o amor toma para si
Quando teu caminho cego e inconsequente
Está cansado demais para continuar
com a luz acesa, o poste queimado, a lua escondida?
Sabes então que isso também tão logo chegaria?
O corredor mal-iluminado, naftalina, dentro das fechaduras
as chaves quebradas
E se é impossível então abrir as portas
Por que não tentas ao menos um pouco morrer um pouco para uma pouca dor?
É tanto o que se pode desejar
Meu fantasma não te chama mais,
Ele te seduz, te entorpece, te escarna
Tua pele poderia se tornar mais rígida aos meus toques
E que conveniência é essa de desacreditar na minha sombra?
Eu sou um sonho e esse amor é metafísico, não te esqueças dele, esse velho testamento
Te lembras ainda quando lhe solicitei a palavra?
O princípio não era o verbo, e minha cama está desamurrada
Não deixais teu odor fugir
És egoísta para antes das minhas fronteiras
Rua, corredor, rua, banheiro, rua, sala, rua, quarto
Até quando tentarás te desabrigar de ti mesmo?
Eu aceito tua maleficência, corte-a em pedaços, me deixe saborear
Venha afogar-se em meus braços
Use meus pulmões para me enxergar
Lá fora o mundo não condena
Ele corre feito um carneiro, morre como um leão, nasce tal um demônio
E já não sinto mais meus pés
Estás submerso à minha escuridão
E minhas pálpebras não te deixarão mais fugir
Meus cílios perfurarão tuas orações
E para ser mais exato, fui eu quem enforcou a tua alma
e cortou teu cabelo para te fortalecer
Fortalezas se demoliram dos meus ombros
Desapareceram daquelas encostas rochosas
Nenhum farol se quis procurar
Nenhum corte minimalista ao pulso me fez acordar
Deixa-te morrer um pouco mais
Deixa-te
Eu posso ainda esconder teu corpo, se bem quiseres
Dentro de mim, úmido, crucificado
Dançais.







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Black Cherry
Photo: Darek Slusarski

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