Solitude, darkness and love


"I don't wanna admit, but we're not gonna fit"

domingo, 29 de maio de 2011

ادار



Chegue mais perto
Venha cantar conosco
A canção que nos embala
Na orquestra da nossa chuva
Venha para casa
Caminhe conosco
Esconda-se
Esconda-se naquele pedaço de alegria
Exaltada, compartilhada
Que um dia eu te entreguei
Na espera de um homem
Que eu sabia que jamais voltaria
Não tenha medo
Do nosso pequeno labirinto
De clamor e maresia
Eu vou lhe revelar
Um milhão de segredos
Meu maior medo
É nunca mais te ver.





~




Verano

E Então



O drama de Jezebel e Inverno chegam ao seu fim.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Tormento

Ele levantou o rosto

E então me disse

E depois se foi

Para o nunca mais

que nunca foi mais


E o nunca mais

Jamais o trouxe de volta

Sequer tentou

O que há de se sentir?


Noitenadacheia

Estrelaqueseestáquebrada

Matamematamematame

Desfaça-se de amor


Disfarça-se de amor.





~





Verano

B




La estava ele, na terra da decadência
Nós devíamos guardar nossas coisas e fugir
Descansar em uma areia movediça
Ombro por ombro, mão em mão
Afundando devagar agora, vamos voar
Deixe que o silêncio leve essa luz vazia
Respire fundo enquanto nós fugimos

Querendo mais alto
Querendo mais alto, amor
Ate que a lua nós force a escalar de volta para baixo
Eu prefiro ver nós dois afogados

Querendo mais alto
Querendo mais alto

Com indelicadeza, um desagradável olá
A paranóia que eu aprendi a conviver
Eu nunca irei moldar o que tem lá atrás
As suas canções ainda estão tocando em minha mente
Todo o branco agora se transforma em azul
Procure por mim e eu irei procurar por você
Respire fundo enquanto nós fugimos

Enquanto nós fugimos





~






iamamiwhoami
[Jonna Lee]

domingo, 22 de maio de 2011

Espada de papel


Acho que minhas palavras nunca chegarão à você
Não do jeito que eu queria
ou falava
Isso importa?

Eu já te perdi, eu sei
Seu amor por mim é tão frágil
e tão impiedoso
Meus erros sempre vem à tona
É a única forma de você me machucar.

É só desse jeito que você me atinge
E meu amor nunca vai ser o suficiente
Eu nunca vou ser o suficiente
Nada te impede de me deixar aqui.

Eu não vou chorar se você quiser me abandonar
Eu não vou gritar quando for injustiçado
de novo e de novo e de novo
Você é a marionete dessa sombra parda
É claro que é.

Minhas feridas são vulcões mortos
Inoperantes
Sangue seco, lágrimas secas
Paixão seca.

Eu jamais farei coisa alguma
Eu não sou uma causa
Sou uma consequência
É tão difícil entender isso?

Minhas mãos não se mexem mais
A caneta está quebrada
Minha visão está negra
E eu me pergunto se haverá em
algum dia
Alguma palavra que possa me salvar

de você
de mim
Desse tempo suicida.

Meus pés estão cheios de cristais
Cheios de sonhos quebrados.

Eu sou alguma coisa para você?
Eu poderia ser alguma coisa?
Meu coração sempre esteve aberto
Mas ninguém notou, ninguém viu
E então a escuridão ele absorveu

Sugou-a, engoliu-a
Sobreviveu dela
E minha alma se tornou mármore
Meu gosto tornou-se pesadelo entorpecido
Minhas asas de metal enferrujaram

Minha morte nem me quer mais.





~





Verano
Photo: Juha Helminen

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Harpa


Celebre no teu véu
O desejo que te aguarda
O som que deixa ao léu
A harpa que te mata

Não me venhas mais
Com teus dedos mágicos
A magia que vós faiz
Os medos que sois trágicos

Me encanta com tuas lágrimas
O sabor da tua glória
Felicidade que não fala
A minha língua estilhaçada

E eu saltarei pelas colinas
Dos olhos mais bondosos
Enquanto tu pelas cortinas
Me velas com gestos frondosos

E permanece viva na tua harpa
Como se nada mais existisse
E eu poderia te prometer os céus
Se eles jamais se extinguissem

Pois nós somos duas estrelas
Que um dia irão se apagar
As cordas nada temem
Ao sopro do nosso lar

Não me deixes mais
Com tuas doenças e agonias
Tuas fúrias e alegrias
A canção que abarcais

Lenta partida
Partida ao luar
Harpa esquecida
Atirada ao mar




~



Andrew Oliveira

domingo, 15 de maio de 2011

Semana que vem








Uma produção de Andrew Oliveira & Black Cherry

sexta-feira, 13 de maio de 2011

I don't saw



- Estou com sede, me "empreste" a sua água.

- Não acabe a minha água, cretino.

Ele bebeu, estava entusiasmado. A tarde quente como um inferno, a sala de aula era apenas um detalhe, a água estava suculenta, um grande pleonasmo. Então, ela o fitou pelo que pareceu um grande momento, mas foram só alguns calorosos minutos de tentativas falhas de compreensão.

- Você me pareceu tão feliz agora... bebendo água. Ou sei lá...

- Se o que eu parecesse fosse o que eu realmente sentisse...

Ele deu uma risada quase nervosa, porém baixa, de uma frequência que uma criatura comum não perceberia.

Ela sorriu em resposta. Um sorriso suavemente amargo, quase um lamento.

"Ele é patético" - talvez ela tenha pensado. E se pensou, ela tinha razão.




~






Andrew Oliveira

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Falsidade


- Você está bem?
- Não estou bem.
- O que aconteceu?
- Acho que aconteceu tudo.
- Há algo que eu possa fazer?
- Provavelmente não.
- Provavelmente?
- Não existem heróis tão dedicados assim na vida real...
- Se não há heróis, o que pode ser?
- Eu não sei, por que você não pergunta para si mesmo?
- Eu não posso.
- Acho que entendo.
- E também tenho medo.
- As pessoas vivem com medo de si mesmas... mais medo ainda perceberem o quanto apodrecidas são por dentro.
- Tem que existir alguma coisa que eu possa fazer por você...
- Não mereço seus agrados.
- Mas eles são assim.
- Você não quer saber qual é o meu problema, porque eu estou triste ou coisa parecida.
- Eu sei.
- Você quer me comer.
- Estou louco pra te comer.
- Tire sua camisa.
- Estou tirando.
- Agora me beije.
- Eu o beijo.
- Pressione suas coxas contra as minhas.
- Já está duro.
- E o que mais?
- Não há mais.






~





Black Cherry

Birds


Vamos despertar
E sussurrar na escuridão
Antes dos pássaros
Antes de todos eles acordarem

É o final de um jogo
E em breve virá outro
Ouço as folhas aplaudindo na ventania...

Veja o sol chegando
E as gaivotas iniciarem o sua partida
Como colares de pérolas
No céu chamuscante.

Eu não quero fechar meus olhos
Não quero deixar o palco agora
Ouça, as folhas ainda aplaudem para nós.

Me empreste suas asas
E me ensine a voar
Me mostre quando chove
No lugar em que você se esconde.

E lá vou desenhar as cortinas da brisa
O arco de um outro dia
Ouvir as folhas aplaudirem no vento
Antes dos pássaros despertarem.




~





Emiliana Torrini

domingo, 8 de maio de 2011

Vidro - Capítulo 2


Era uma rua deserta, e dos vários casebres silenciosos, apenas o mais velho tinha a porta aberta, foi lá que Inverno entrou, e se transportou para outro lugar. Um salão enorme, uma mansão de espelhos, onde holofotes nas abóbadas deixavam tudo morno, e havia um cheiro estranho, mas ele não percebeu de fato.

Depois, uma leve brisa invadiu o lugar, e houve o barulho de objetos enferrujados, como máquinas. Os espelhos se moveram, trocaram de lugar, empurraram Inverno, deixando-o com medo. O lugar estava diminuindo, fazendo um cubo envolta dele, ele chutou um dos espelhos até conseguir quebrá-lo, e tudo pareceu parar por um longo momento.

Primeiro vieram os dedos, com unhas negras, e depois o resto da mão, segurando a batata da perna de Inverno, saindo do espelho que ele quebrara, e de onde só se via escuridão. A mão estava arranhada, assim como o braço, e o resto do garoto, que logo se revelou ser um outro Inverno, com o olhar arregalado e os cabelos desgrenhados e sem vida, subindo sobre o corpo de Inverno-verdadeiro.

Num segundo imprevisível, ambos estavam nus, sem saber o porquê. As olheiras de Inverno-falso fizeram uma torrente de desespero pulsar em Inverno-verdadeiro. Ficou frio, seu corpo estava gelado como uma rocha. O seu reflexo lambeu seu rosto, ele sentiu o próprio sexo encostando no seu, e depois sua barriga, seu peitoral magro, seu pescoço pálido, e por último a cabeça, com seus lábios encostando nos seus ouvidos.

- Eu sou fraco. – disse Inverno-falso. – Mas tenho um dom.

- Um dom? – Perguntou Inverno-verdadeiro.

- As pessoas... elas morrem quando eu toco nelas. – Sussurrou, postando a cabeça sobre o peito quente do original.

- Você vai acabar só.

- Mas, sobre a morte deles, eu triunfarei.

E acordou, a manhã estava cinza e encharcada, as nuvens gordas e cáusticas inundavam o céu e a terra com relâmpagos, trovões e chuva. Uma chuva arrastada, quase como se estivesse deslizando entre as ruas e correndo ao lado dos automóveis. Apesar do mau tempo, o bairro Veraneio permanecia agitado.

Inverno levantou da cama, arredou a cortina da sua janela, a cinza matutina iluminou seu quarto perfeitamente organizado. E lembrou-se do seu segredo.

Por trinta minutos ele se ajoelhou na banheira, com a dor no seu peito piorando, como um câncer crescendo e se espalhando pelo seu corpo a cada dia. Sua dor era sua única companhia, uma ânsia e um desespero lentos numa espécie de transe repentino, a cada minuto era como morrer e depois voltar à vida por obrigação. Aquele era um mundo que o aprisionava numa gaiola cheia de corvos, ali só restava ele e seu corpo. Apodrecendo. Virando pó. Nada mais.

~

Ele entrou na escola, e passeou rápido até chegar no corredor onde seu armário se encontrava, ao lado do de João. João estava ali, de cabeça baixa, pegando livros e depois fechando a portinha bruscamente, trancando-a num segundo antes mesmo de pensar em respirar, girando os calcanhares e saindo dali.

- João! – gritou Inverno, na multidão de alunos apressados.

João parou por um breve minuto, mas não virou o rosto para ver o amigo. Estava uma estátua segurando livros e cadernos. Inverno se aproximou e postou sua mão sobre o ombro trêmulo do rapaz.

- João... – disse Inverno. – o que foi?

- Só... só se afaste de mim.

- Minha amizade não vale nada pra você?

E João se foi. Inverno olhou para os sapatos, e depois encontrou o olhar de Maria, gargalhando ao lado do seu namorado, que acariciava seu pescoço e sorria como se fosse o jovem mais perfeito do mundo. Dessa vez foi Jezebel quem postou a mão sobre o ombro de Inverno.

- Hoje vai ter competição de natação, você vai? – Perguntou o rapaz, sorrindo.

- Com quem eu iria? – disse Inverno. – Aparentemente, estão com medo até de ficar do meu lado.

- Ah, vá ao menos para torcer pela minha vitória. Eu entrei numa aposta, e se vencer essa competição, vou conseguir uma boa grana.

- Isso não me interessa, Jezebel. – E quase sorriu.

- Você quer sair? Eu estava pensando em ir pra uma boate essa noite. Nossas provas desse período já acabaram. Preciso dançar.

- Eu nunca fui numa boate.

- Você é um chato, Inverno. – Disse Jezebel, meio irônico.

- Tudo bem, eu vou. Mas e os seus amigos? Eles não vão tirar sarro de você me ter como seu torcedor?

- Quem disse que são meus amigos?

A campainha tocou, e depois de algum tempo, tocou de novo. Até chegar à metade da tarde, de onde vários alunos, incluindo Inverno, foram ver a competição de natação. Os competidores já estavam se aquecendo, e o garoto pôde ver Jezebel sorrindo de longe, arrepiado com o clima frio daquele dia, no seu ombro esquerdo, havia uma estranha cicatriz, que outrora fora uma queimadura, a corrida debaixo d’água começou. Jezebel venceu.

- A gente vai comer uma pizza, vem com a gente, cara. – disse o namorado de Maria, com aquela mesma expressão de escárnio.

- Não, está tudo bem. – respondeu Jezebel.

- Vai trocar a gente por aquele otário?

Mas Jezebel não respondeu. Chamou o único torcedor que restava nas arquibancadas, e foram para o vestiário masculino. Inverno se sentou para esperar. Jezebel tirou a sunga molhada, espremeu-a e tomou uma ducha.

- Jezebel eu não sei se...

- Relaxa cara, todo mundo gosta de sair. Garanto que você vai gostar também. – disse Jezebel, enxugando o corpo e depois vestindo uma cueca.

~

A noite chegou, e as batidas na porta também. Inverno, com uma calça jeans escura, botas de cano curto e uma camisa preta, desceu suavemente as escadas, para atender Jezebel, que sorria gracioso como sempre. O rapaz trancou a porta, e olhou com certo receio para as ruas escuras de Veraneio, e depois para o outro horizonte, certificando-se de que não haveria nenhum valentão com uma meia na cabeça para gargalhar.

- Eu não tenho muitas roupas, sabe. – disse Inverno.

- Eu também não, e você está ótimo. Vamos.

Após a porta do beco em que pararam, eles desceram numa escadaria amarrotada com um tapete vermelho e encardido. A música vibrava cada degrau. Jezebel voltou-se para Inverno, e falou ao seu ouvido:

- Está pronto?

- Acho que sim.

E entraram. Inverno foi o primeiro a se sentar na cadeira perto da área das bebidas, onde uma travesti, cheia de tatuagens e o cabelo tingido de rosa shocking, atendia com certo mau humor, pois estava sem ajuda naquela noite. Depois de algum tempo, dirigiu-se a ele.

- Vai querer alguma coisa? – disse numa voz quase fanha, mas ainda vibrante e guardando resquícios masculinos.

- N... não. – Disse, arregalando os olhos.

- O que foi, viu algum fantasma por acaso?

Inverno balançou a cabeça, ela se virou e atendeu uma mulher de feições andróginas. Juntas, gargalharam. Bom, pelo menos chegou uma amiga para alegrá-la, pensou o garoto, e a música pareceu aumentar. As luzes carregadas de psicodelia e neon também pareceram se agitar mais.
Jezebel voltou com o rosto suado, brilhando de desestresse e alegria. Sentou-se ao lado de Inverno, e pediu duas vodkas para a travesti agora de bom humor, cujo nome se revelou ser Safira.

- Beba. – disse Jezebel.

Inverno bebeu, e depois fez uma cara feia. Sua garganta ardeu como o inferno. E seu estômago pareceu aquecer.
- Isso é horrível!
- Você se acostuma. Eu posso te pedir bebidas mais leves, se quiser e...


Um turbilhão veio na cabeça de Inverno, seu coração acelerou e seu corpo inteiro suava. Ele bebeu todo o drink de vodka agora consciente de que aquilo o fazia esquecer-se de tudo, e puxou Jezebel para a pista de dança.

Uma música meio excêntrica e remixada agora tocava freneticamente. Inverno aprendeu a seguir o ritmo e dançou sem parar, de frente para Jezebel, e depois de costas para Jezebel. Apenas as músicas agora entravam na sua cabeça, o calor das pessoas e de Jezebel perto dele era seu único contato com o mundo real. Ele rebolava, criava passos, fechava os olhos e sua escuridão era iluminada pelas luzes verdes cítricas, púrpuras e brancas, lasers que passeavam pelo seu corpo e faziam parte de sua dança. Os globos de espelhos giravam como mundos particulares de brilho e liberdade acima de sua cabeça. E ele parou por um instante, após um calafrio, e ali estava. O Inverno-falso de seus sonhos o fitava, com suas olheiras e sua expressão de angústia, os arranhões agora pareciam vergões horrorosos na pele despida, mas ninguém além dele pareceu notar seu outro ele. Jezebel agora estava longe, dançando com uma garota de feições vulgares e que rebolava na sua cintura, e também parou, após afastá-la e perceber a tristeza se ressaltando nos olhos de Inverno.

Agora todos os outros pareciam distantes. Inverno caminhou em direção a Jezebel, que o observava como se sua vida dependesse daquilo, o Inverno-falso ainda o encarava com tristeza, e o verdadeiro abraçou o nadador. O Inverno-falso desapareceu, o coração de Inverno desejava explodir, e ele pôs o queixo sobre o ombro cicatrizado de Jezebel, abraçando-o mais forte, chorando como se chora numa tragédia. O coração de Jezebel entrou em sincronia e ao mesmo tempo na angústia de Inverno, oscilando entre a realidade e as músicas excêntricas daquela boate, e seus braços grossos agarraram o pescoço do garoto, que se afogava e nadava pelos seus ombros, arranhando suas costas e puxando para mais perto de si, como se quisesse adentrar em sua alma, soluçando copiosamente.

- Eu tenho medo da minha própria escuridão. – mas Jezebel não ouviu.

Inverno o desabraçou, e Jezebel se radiou com o rosto alegre. Agora, o garoto estava gostando, e também conseguiu se alegrar, meio envergonhado, meio encorajado, de fato decidido.

- Eu vou ao banheiro. – Disse Inverno, apontando um polegar para um corredor ao lado do bar, e Jezebel afirmou com a cabeça.

Ao ficar mais tempo parado, o suor brotou da testa como uma enchente. Ele entrou no banheiro masculino e pôde ouvir, em dois boxes ocupados, vozes femininas gemendo absurdamente, calcinhas e camisinhas usadas no chão. Inverno lavou o rosto e olhou-se no espelho, sem medo de ver sua versão abatida e aterradora. No reflexo, havia um rapaz que também estava em êxtase, injetando alguma coisa no braço esquerdo com uma seringa. Era meio estranho, agulhas deveriam dar medo em vez de prazer.

- O... o que é isso? – Direcionou-se Inverno agora fitando o rapaz. Um louro de pele bronzeada e olhos cor-de-mel, bochechas rosadas. Usava lápis de olho.

- É o paraíso... – e deu uma risadinha de triunfo. – quer provar?

Inverno mal pensou. Sentou-se ao lado do louro, encostado na parede, e ofereceu o braço, seu pulso azulava a pele branca. O louro buscou outra seringa na mochila, encheu-a com um líquido guardado num frasco, e esguichou um pouco para retirar o ar. Depois, fez pressão no braço de Inverno com uma liga de borracha e injetou a droga.

A conhecida dor aguda de agulha fez Inverno expressar uma careta, até virar um alívio, e por fim, uma explosão de excitação. Seu sexo cresceu no jeans e ele abriu as pernas, tocando-o por cima da calça, tudo ficou lento e embaçado, mas era uma espécie de alívio onírico e sublime, ele não ouvia quase nada. Sentiu algo úmido e quente passar pelo seu pescoço, era o louro provando seu sabor, até se acabar numa única voz.

- Eu posso lhe dar mais, mas daqui pra frente vai ter um preço. – disse no seu ouvido, colocando um pedaço de papel com seu número no bolso de Inverno.

Inverno o empurrou, levantou-se cambaleando e foi ao encontro do amigo Jezebel, seu coração descompassava e ele ofegava, a música tinha uma voz grave que causava calafrios, os rostos das pessoas estavam borrados como que apagados por uma borracha, os lasers ofuscavam tudo, Jezebel o encontrou.

- Inverno eu...

- Eu quero ir pra casa, me leva pra casa.

Jezebel assentiu, segurou sua mão e saíram da boate. As últimas visões do nadador eram de Safira dançando loucamente num poste, e, depois, a porta fechada, as ruas escuras e banhadas de estrelas pontiagudas que feriam o frio da madrugada, e suas mãos embrulhando o corpo trêmulo de Inverno, mas aquele não era o Inverno verdadeiro.





~





Andrew Oliveira

sábado, 7 de maio de 2011

A Borboleta de Amanhã


Era uma vez uma borboleta, uma linda borboleta azul com bordas douradas e desenhos espirais e negros enfeitando as suas asas. Qualquer um poderia se enganar com a sua beleza, e essa era a sua maior arma. Mas não era uma borboleta travessa, perversa, do contrário, era tão ingênua que a própria ingenuidade se irritava com ela.


Toda manhã, ela tomava a forma de uma linda garotinha com um vestido azul, tão bonito quanto suas asas mágicas, e então, se alimentava com flores de cerejeira e bebia das fontes mais puras numa floresta purificada por Amaterasu. Amaterasu era a deusa da luz, que as vezes bem gostava de se esconder numa caverna, e deixar a humanidade em completa escuridão.

Amaterasu nutria um suave sentimento de afeto pela borboleta, que logo se tornou amor. A deusa fazia questão de deixar o dia mais longo antes do meio dia para a borboleta, antes dela voltar à sua forma original, alada, um inseto-anjo. Mas a borboleta nunca soube da existência de sua protetora, era uma borboleta vaidosa.

Certo dia, um príncipe de um reino que residia acima de um rinoceronte gigante surgiu na floresta de cerejeiras para descansar o corpo e a alma, após uma dura batalha que decidiria se ele era mesmo da linhagem da Luz, e assim se tornar rei de sua terra natal. Mas ele era possuidor de um severo segredo, que não contaria nem para o próprio reflexo. Isso fez com que Amaterasu percebesse uma energia que provinha de sua alma e já começava a afetar a pureza do lar da borboleta. Amaterasu tinha ciúmes.

Era nove horas matutinas quando a borboleta tomava seu banho em forma de menina, exalando um aroma transcendental que se propagava no ar e deixava toda a floresta com partículas cintilantes da mais poética vida que ali residia. E após enxugar-se com pétalas de crisântemos, ela logo percebeu o príncipe mais adiante lavando o rosto com suas mãos fedendo a guerra, esverdeando a água azul-celeste. Mas a borboleta não ficou horrorizada, ela ficou curiosa, instigada.

- Quem és tu, que invades o meu lar e polui a minha água? - perguntou ela, tocando no ombro forte e ferido do rapaz.

- Estava com sede, estava cansado, precisava beber e me sentar. - ele respondeu, sua voz era melodiosa e cansada da guerra.

- Já realizaste teu desejo? Então some-te daqui. - ela disse.

- Por que a pressa? Por que não posso ficar mais um pouco?

- Porque não te quero mais aqui, e é só.

O príncipe foi embora, sem entender coisa alguma, e a borboleta pôs-se a chorar. Na verdade, ela não sabia como deveria se aproximar dele, e acabou o tratando mal, em vez de ser gentil e sedutora. Mas o que era este poder de sedução? Sedução? De onde veio esta palavra tão estranha?

A borboleta passou do meio dia em forma de menina e descobriu o mistério da sua carne, tornando-se mulher de um minuto para o outro. Ela correu para o reflexo da água esverdeada e viu uma esplêndia mulher olhando para ela. Esta sou eu agora? O que eu faço?

Ela havia passado do meio dia em forma de menina porque Amaterasu esquecera-se dela, e foi-se recolher num canto do céu para lamentar a perda da inocência de sua tão bela borboleta. Mas a borboleta, além de vaidosa, também era egoísta, ela não percebia nada ao seu redor.
E então, ela decidiu correr em busca do seu príncipe, nua e libertina, agora mulher e nunca mais menina. E não ligou para o quilômetro que se passou com isso, entrando num deserto, mas encontrando o ponto no horizonte que era ele. Amaterasu teve um terrível sobressalto com tamanha ousadia, que depois se transformou em raiva. Furiosa, deixou-se ferver e se transformou num sol escaldante, secando os lábios dos dois amantes que jamais foram.

- Príncipe! Príncipe! - ela gritava, os pés queimados.

- Estás louca? O que fazes nesse deserto? - ele disse.

Ela não respondeu. Não conhecia aquilo que fazia seu coração dilatar e acelerar quando via o rosto do príncipe, ou como seu corpo formigava mesmo sem estar debaixo do sol. Ele riu.

- Tu me amas?

Ela não respondeu. E ele a profanou. Era um príncipe que vivia em busca de se deleitar com o sabor da pureza, e esse era um grande segredo.

A borboleta passou dias e dias alí, deitada na areia fervente do deserto, sem nada mais a fazer. Amaterasu agora era apenas o sol, que não tinha mais consciência alguma, e também nada poderia fazer pela criatura impura.

Até que uma velha bruxa surgiu vagando no deserto, com um grande manto branco cobrindo-lhe o corpo, e um enorme chapéu redondo e cônico de palha, fazendo-a parecer uma larva enfeitada. Ela avistou a borboleta deitada e nua na areia, quase se enraizando, e então fez uma proposta:

- Me dê este teu poder de se transformar em borboleta e eu me vingarei por ti a quem te fez esta profanação.

- Não é um poder, é uma maldição. Certo dia, uma outra bruxa, com inveja da minha pureza, me rogou esta praga eterna, mas agora sem a inocência, não sou mais nada.

- Mas eu a quero.

- Fique com ela, faça o que quiser.

- A bruxa tomou a maldição da criatura, e naquele deserto se fez um grande oceano, que futuramente dividira dois extensos países naquele mundo conturbado. Pouco depois, ela descobriu onde o príncipe estava, amaldiçoando-o com a imortalidade e fazendo dele um arauto da morte, um homem com hálito de sangue e poderes que só causariam dor e destruição. Este era o preço por sugar tanta inocência.





~




Black Cherry

Rosto

- Você está triste?
- Não... Por quê?
- Você parece sempre triste...
- Eu pareço triste? Mas o quê?
- O seu rosto...
- Eu não sabia que tinha o rosto assim...
Um grande e gordo minuto se passou.
- Eu pareço tão triste assim?
Ela assentiu com a cabeça.
- Isso me entristece.
Mas isso ele só disse para si mesmo.




~




Andrew Oliveira

Vidro - Capítulo 1


Inverno pôs-se a recolher os livros aflitos no chão. Os valentões foram embora, pelo menos por enquanto. A campainha tocou, e em dois minutos os corredores já estavam desertos, Inverno logo entrou na sala de química, com seu público de praxe o encarando com desdém e triunfo. O menino respirou fundo e se sentou ao lado do amigo, um menino louro de olho castanho e feições trágicas, chamado João. João o fitou com suave espanto e indagação, mas Inverno logo respondeu:

- O namorado da Maria. – E não precisou explicar mais nada.

João ergueu as sobrancelhas com certa apreensão, e depois forçou os lábios para o lado, numa careta de “que pena”. Mas não devia haver pena para nada.

- Eu já disse pra você, seu idiota. Eu não gosto da Maria. Ela é uma mentirosa. – Inverno deu essa satisfação.

É, Maria era uma mentirosa. Na última vez que se encontrou com o namorado, se sentiu muito feliz em dizer que Inverno era apaixonado por ela, não que isso fosse de grande importância para Inverno, Inverno não ligava para mentiras, até ele gostava de contar algumas, a questão é que as mentiras de Maria afetavam muita gente. Maria deveria ser espancada com uma viga de ferro.

- Senhor Inverno, quer fechar essa sua matraca? – Disse o professor, com carinho, e a turma abafou risinhos de deboche.

- Sim, professor. – Submeteu-se Inverno.

Mas não houve muito tempo para conversa, o dia felizmente passou rápido, e Inverno breve estava ao lado de João, caminhando nas ruas mornas dos subúrbios de Veraneio, indo para suas respectivas casas. Claro, o dia não poderia ser mais desconfortável, se fossem ruas quentes, seria um completo desespero.

- Eu avisei pra você se afastar dela. – Disse João.

- Eu nem sequer me aproximei dela! – Indignou-se Inverno.

- Então o quê essa garota quer com você?

- Não faço a menor ideia.

E dizendo isso, abaixou um pouco a cabeça. O dia estava escurecendo bem lentamente, como se estivesse se deliciando com cada minuto a que surgia uma estrela no céu. Veraneio gostava das estrelas.

João se despediu, e Inverno ainda tinha duas quadras para chegar na sua casa, que pareceram mais longas do que o normal. O clima estava meio estranho, e as pessoas estavam mais estranhas também. Inverno olhava de um lado para o outro, e só via olhares de reprovação e medo, não que não estivesse acostumado, mas até no seu próprio bairro esses olhares cansativos? Que saco.

Mas todo mundo entrou e fechou as janelas. Ele não entendeu muito bem, na verdade, mal se lembra de como tudo chegou àquela conclusão.

Inverno fora imobilizado e puxado para um local escuro. Os garotos eram altos, da altura dos valentões da sua escola, e usavam meias pretas nas cabeças, escondendo as identidades, e tinham as gargalhadas quase idênticas aos dos valentões da escola também. Só mudava o fato de estarem mais silenciosos do que o normal. Geralmente garotos idiotas costumam falar mais do que o aceitável, mas não que sejam todos, é claro.

Inverno também mal se lembra de por que o estavam tratando assim, fazendo-o sentir uma dor insuportável e aguda na sua entranha, aquilo fora um tiro? Não.

Mas ele se lembra bastante de como voltou para casa. Mancando, com uma dor que não parava, e sangue empapando sua calça adolescente.

Abriu a porta, subiu para o seu quarto, e ninguém falou nada. Ele lembra de ter chamado pela mãe, mas a mãe estava ocupada, e de ter chamado pelo pai, mas o pai ainda não tinha chegado em casa. Seu irmão passava o dia dentro do quarto, fazendo sabe-se-lá o quê. E nada mais se movia, apenas Inverno.

O garoto tirou as vestes, quase sem querer tirar, e entrou no chuveiro que discriminava uma água morna, do jeito que ele gostava, mas ele nem estava pensando na temperatura da água. Ele não estava pensando em nada, e nem se quisesse conseguiria.

Inverno não chorou, pra quê chorar? Quem vai me ouvir?

- Filho, o jantar está pronto! – Chamou a mãe, batendo carinhosamente na porta.

Inverno não respondeu.

- Filho?

Ah, e o dia seguinte. O dia seguinte não poderia piorar, é óbvio, mas piorou.

João, com a mesma cara de indagação e tragédia, permanecia a fitar o amigo, numa espécie de estudo silencioso, como se estivesse lendo seu pensamento. Ah, mas não havia nada na cabeça de Inverno, há um bom tempo, e não teria tão cedo. As aulas de história, chatas como sempre, demoraram séculos para terminar, até que a campainha anunciou o intervalo.

Inverno não pegou nada para comer, e permaneceu apenas sentado ao lado de João, que devorava um sanduíche natural feito pela irmã, com presunto de peru e maionese light. Delícia.

- Você está bem? – Perguntou limpando a boca com um lenço de papel.

- Estou. – Disse Inverno, sem expressar nada. Feições de nada.

- Aconteceu alguma coisa? – Preocupou-se. – Alguém está doente?

- Ninguém está doente. Eu só estou com medo de tirar nota baixa em química. – Inventou.

- Não fique assim, aposto que vou ficar em artes! Quem quer saber de estudo da imagem? Que porra é semiótica? – Divertiu-se João.

- Não faço a menor ideia. – Respondeu.

- Ei. Sorria um pouco, cara. Parece até que viu um defunto voltar a viver.

Inverno forçou um sorriso, e antes que pudesse confidenciar alguma coisa, sentiu gosto de purê e percebeu que seu rosto estava cheio dessa consistência. Gargalhadas, gargalhadas, e os valentões da escola, os admirados atletas, os mais bonitos e mais famosos de todo aquele quilômetro quadrado. O amigo ofereceu lenços de papel, recebidos com grande desespero.

- Tem um pouco aqui. – Disse João, passando um lenço no pescoço de Inverno.

- Ah que bonitinho! Dois namoradinhos! – Disse o mais atlético, olhando para o seu grupo, em busca de sorrisos e mais gargalhadas.


- Não enche seu estúpido. – Bufou João, tão exausto quanto Inverno.

O sorriso do mais atlético sumiu, assim como os outros, mas Inverno percebeu que apenas um permanecia calado e sentado, e em nenhum momento expressou alegria pela sua desgraça, apenas um leve olhar melancólico. Era alto, de pele pálida, cabelos meio pontiagudos, olhos verdes e boca rosada nem tão carnuda, sobrancelhas suavemente grossas e músculos proporcionais aos de um atleta, ombros largos e coluna reta, o rosto oscilava entre a expressão de um garoto e a virilidade de um homem. Talvez aquele olhar fosse característico dele, talvez nem fosse para Inverno, mas isso mal importava agora, pois agora era ele quem pegara lenços de papel. A boca de João sangrava e manchava o chão.

- Você quer ir pra casa? – Perguntou Inverno, escondendo a amargura e tentando parecer equilibrado, enquanto todos iam assistir a suas aulas esvaziando a área de almoço e os corredores mais uma vez.

- O que a gente fez de errado, cara? – Perguntou João, em resposta.

Mas Inverno não respondeu. Permaneceu fitando o amigo que guardou a mochila no seu armário no corredor, e foi embora sem dizer nada, a irmã cuidaria do inchaço na boca. O que restou sentou-se na ponta da arquibancada, da quadra poliesportiva da escola, e deixou uma lágrima cair, e depois outra e depois outra.

Inverno chorou sem parar na quadra vazia. Agora a dor vinha mais forte, mais cretina do que deveria vir. Ela crescia, e depois se espalhava em cada órgão, e depois corroía suas vísceras, até ferver por baixo da sua pele, e fazê-lo se coçar de agonia e desespero silenciosos.

Outro lenço veio na sua visão, mas era de pano, um pano fino e confortável para o rosto. Não era João, era o atleta calado que mal se expressou na festa do intervalo.

- Vão te bater se te verem perto de mim. – Disse Inverno, sem nada haver.

- Não vão. Eu sou mais forte que eles. – Respondeu o garoto.

- Então o que você está fazendo aqui? – Questionou Inverno.

- E você? O que faz aqui? – Respondeu o garoto.

- Não estou com vontade de assistir aula.

- Eu também não, ué. – E sorriu.

Ah, esses sorrisos irritantes! Pensou Inverno, mas ele levantou a cabeça e não era irritante, do contrário, era afetuoso. O garoto pegou o lenço bruscamente e assoou o nariz, limpando as lágrimas com as costas das mãos.

- Eca. – Disse o garoto, pegando o lenço de volta, e o guardando no bolso.

Inverno não respondeu, mas sorriu.

- Que estranho. – Disse.

- Estranho o quê? – Indagou o garoto.

- Você ainda não me bateu ou jogou comida na minha cara.

- E por que eu jogaria?

- É o que os populares costumam fazer. Eles ainda não me atearam fogo porque nunca pratiquei bruxaria na escola, sabe...

O garoto não respondeu, mas sorriu.

- Qual é o seu nome?

- Jezebel. – Disse Jezebel. – E o seu?

- Eu sou Inverno.

- Inverno?

- É, Inverno.

- Por que seu nome é uma estação do ano?

- Eu nunca soube.

- Vamos. Eu levo você pra casa.

E o levou. O bairro estava morno como o corpo de um bebê. Inverno passou pela conhecida casa de seu amigo, e por um momento tentou ignorar, mas não conseguiu.

- Vamos voltar, a casa de João é aqui perto.

- Tudo bem.

Inverno tocou a campainha, mas ninguém atendeu, as janelas de cima estavam escancaradas, e mesmo depois das pedras atiradas ali, a suave hostilidade permanecia. O adolescente abriu a porta devagar, a sala estava uma bagunça, mas não havia qualquer sinal de vida.

- Que estranho, ele disse que iria pra casa.

Jezebel o olhou sem realmente olhar, mas ainda era a única criatura sã que estava próxima de Inverno. Inverno se incomodou com o silêncio, e correspondeu o seu olhar, aflito.

- Inverno, o que há com você? Aconteceu alguma coisa?

- N... Não aconteceu nada.

Um peso pontiagudo como um iceberg atravessou o peito de Inverno, que expressou melancolia por um leve momento, sua mão tremeu, mas conseguiu controlar o resto do corpo. E lá estava a sua casa. E lá estavam eles na porta.

- Fique mais um pouco comigo. – Disse Inverno, quase sussurrando.

- Tenho que ir pra minha casa também. – Respondeu Jezebel.

Inverno sentiu um desejo suave de abraçá-lo, ou de apertar a sua mão, ao menos. Mas ficou apenas calado, fitando-o sem muita animação.

- Está tudo bem. – Falou o jovem popular, completamente diferente dos populares normais.

E sorriu, desaparecendo no começo da noite do bairro Veraneio.






~






Andrew Oliveira

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Salt Skin



Você é tão afiado quanto uma lâmina

e se encaixa como uma luva

Isso não é maneira de viver, não é maneira de amar

Cheio de medo nos seus póros e essa fragilidade sem ceder

Apunhalado nas costas, mas você não sente dor
Empurro as mais pesadas portas que você não consegue abrir
Eles me amarraram e meu corpo ainda mente, mais uma vez

Você é tão brilhante como o sol e tão ousado quanto a lua
Não sei quando você irá se quebrar, mas será em breve
Se minha vontade ceder, estarei no mesmo barco que você

Eu tenho a pele salgada
Correndo para onde ele está
Nunca desistindo
Mesmo à força

Ele está roubando o sal desta pele
Me contando que estou vencendo batalhas
Que eles criaram somente para entender
Esse significado

Mãos amarradas, minha boca aberta
Encontrando as palavras perfeitas que eu não pronunciei
E eu não contarei a verdade a menos que você queira

Por todas as vezes que eu perdi a cabeça
Quando ele caiu no chão e eu o encontrei novamente
E quando ele voltou
Eu não conhecia o meu próprio nome

Ele está roubando esta pele salgada
Me contando que estou vencendo batalhas
Que eles criaram somente para entender
Esse significado.







~



Ellie Goulding

Casebre



Existia uma casinha
Que não estava pronta

Para ser uma casinha do universo

E ela sempre

sempre

sempre

estava vendada para o mundo

Sempre estará

E isso é tão trágico

Que me dá vontade de rir.






~






Black Cherry